O Centro de Treinamento Moacyr Barbosa, lar do elenco profissional do Vasco, está envolto em incertezas e promessas não cumpridas. Com apenas 1/3 do amplo terreno concedido pela Prefeitura do Rio de Janeiro sendo utilizado, a aguardada reforma, planejada pela SAF, ainda não tomou forma.
Promessas e Prazos: A Visão Inicial da SAF
No início do processo de aprovação da SAF em 2022, Carlos Roberto Osório, então Vice-Presidente Geral, prometeu um CT “de primeiro mundo”. Contudo, as obras planejadas, incluindo sete campos e um miniestádio para 4 mil pessoas, ainda não começaram. O prazo de conclusão, inicialmente previsto para junho de 2024, permanece incerto.
“Existe obrigação contratual de investimentos significativos para desenvolver os centros de treinamento profissional e de base, em níveis semelhantes às principais instalações dessa natureza no Brasil. A expectativa de conclusão desses investimentos é em junho de 2024” – disse Osório.
Intervenções Pontuais e Orçamento para Melhorias
Embora intervenções pontuais tenham sido realizadas, como o calçamento externo e renovação de instalações, a ampla reforma aguardada não se concretizou. Com um orçamento de R$ 20 milhões aprovado para melhorias em 2024, a SAF do Vasco iniciou obras nos vestiários, na sala da comissão técnica e na construção de um novo auditório.
Insegurança Jurídica: Obstáculo na Busca por Investimentos
A insegurança jurídica surge como obstáculo significativo. O Vasco enfrenta burocracias para tirar do papel a reforma ampla, pois a SAF reluta em investir enquanto a posse do terreno permanece incerta. O Termo de Cessão de Uso nº 39/2019/SUBPA, assinado em junho de 2019, estabelece a transferência em caráter precário, sujeita à retomada pela Prefeitura.
A cessão do terreno para o Vasco tem como foco exclusivo a “construção, gestão, manutenção e operação de um centro de treinamento”, com obrigações de disponibilizar o local para alunos da rede municipal e reservar espaços para publicidade da Prefeitura. A cláusula quinta destaca que benfeitorias se incorporam sem indenização, renunciando ao direito de retenção. Após a transição para SAF, reuniões com o poder público e o prefeito Eduardo Paes ocorreram, buscando resolver a insegurança jurídica, mas sem retorno até o fechamento da reportagem. Jorge Salgado, na gestão anterior, enfrentou insatisfação pela demora na solução, enquanto Pedrinho, o novo presidente, cobra ações efetivas da SAF.
“Ao assinar o contrato, a 777 estava completamente ciente da cessão de uso acordada entre o Vasco e o Município. Isso já era algo definitivo, conhecido e público.
- Isso não é motivo para deixar de investir no CT, especialmente levando em conta a importância de um centro de treinamento à altura das pretensões de um clube historicamente vencedor, cuja estrutura deve ser de alto nível para os atletas, afinal sabemos do seu impacto direto no desempenho no futebol” – afirmou Pedrinho.
Desafios Legais e Postura da SAF do Vasco
Especialistas legais indicam que o processo de transferência do terreno para a SAF é complexo. David Nigri, advogado especializado em direito administrativo, destaca a necessidade de legislação específica para transferências de terrenos municipais. Alessandro Jacob, do escritório Alves Jacob Advogados, reconhece a postura cautelosa da SAF, destacando a importância de uma vontade política e legislativa para resolver a questão.
“O governador ou o prefeito não pode sair por aí vendendo, doando terreno que não é dele. O município é do povo, então precisa de uma lei promulgada pelo Legislativo, que trabalha para o povo. Se existir um argumento de que tem interesse público, que pode ser de grande interesse ao município mudar a posse do terreno, tudo bem. Fora isso, não pode” – declarou advogado David Nigri, atuante na área de direito administrativo em entrevista ao GE.
A Perspectiva de Pedrinho e a Complexidade da Solução
Pedrinho, o novo presidente do Vasco, defende o investimento no CT, apesar da insegurança jurídica. A resolução do impasse, entretanto, é complexa. A necessidade de uma vontade política, legislativa e, possivelmente, licitação para transferência de titularidade destaca os desafios enfrentados pelo clube.
Em meio a promessas não cumpridas, obras pontuais e obstáculos legais, o futuro do CT do Vasco permanece incerto, aguardando uma solução que permita a tão necessária expansão e modernização das instalações.
Leia mais: Vasco PERDE para o Nova Iguaçu e cai para 6ª posição no Carioca