Arena Barueri: Alternativa Temporária do Palmeiras Levanta Questões
Com Allianz Parque em reforma, a Arena Barueri é opção do Palmeiras que sofre com arrecadação baixa
As declarações da presidente Leila Pereira foram uma resposta às condições da Arena Barueri, administrado por uma de suas empresas, e tornou-se a casa do Palmeiras durante a interdição do Allianz Parque. Embora seja a única alternativa viável no momento, parte da torcida demonstrou descontentamento. Mas afinal, o que isso significa para o Verdão?
Situação da Arena Barueri
O debate em torno da Arena Barueri abrange uma série de questões, desde aspectos financeiros e estruturais até considerações sobre identificação e conforto, inclusive da comissão técnica alviverde.
Em 2024, o estádio sediou quatro das seis partidas do Palmeiras como mandante. E ainda haverá mais; o confronto das quartas de final do Paulista, marcado para sábado contra a Ponte Preta, já está designado para Barueri, enquanto a reforma do gramado do Allianz Parque ainda não tem data definida para conclusão.
Uma diferença evidente está na presença de público e na receita: o Palmeiras enfrenta prejuízos sempre que transfere seus jogos para a Arena Barueri.
Localizada a 28 km do Allianz Parque e com capacidade para 31 mil espectadores, a Arena está longe de oferecer o mesmo apelo nas arquibancadas. Considerada de difícil acesso por parte da torcida, registra uma média de público inferior à metade do estádio principal nos últimos meses.
Palmeiras Avalia Impacto Financeiro da Mudança para o Estádio
Ao encerrar o ano de 2023, o Palmeiras registrou uma média de público de 36.374 espectadores e uma arrecadação de R$ 2,75 milhões no Allianz Parque. Por outro lado, a Arena Barueri, ao considerar as últimas sete partidas, apresentou uma média de 16.515 pessoas e uma receita de R$ 779 mil. Esses números representam menos da metade do que é observado no Allianz Parque. Para ampliar o panorama do estádio, foram incluídas as quatro partidas do Paulista deste ano e outras três do Brasileirão do ano passado.
Em relação aos ingressos e renda na Arena Barueri, foram vendidos 115.606 ingressos nas sete partidas mencionadas, resultando em uma média de público de 16.515 pessoas e uma renda total de R$ 5.457.128,00, com uma média de R$ 779.589,71 por partida.
Já no Allianz Parque em 2023, foram vendidos 1.163.968 ingressos, com uma média de público de 36.374 pessoas e uma arrecadação total de R$ 88.211.340,45, resultando em uma média de arrecadação de R$ 2.756.604,38 por partida.
Devido ao impacto financeiro causado pela mudança de estádio, o Palmeiras planeja acionar a Real Arenas, braço da WTorre responsável pela gestão do Allianz Parque, para buscar uma indenização pelo período em que não pôde atuar no estádio.
Embora a previsão inicial fosse de que o gramado estaria pronto até esta terça-feira, a instalação da cortiça ainda não foi concluída. O clube pretende realizar testes antes de retornar às partidas, porém, a presidente Leila Pereira não pôde garantir uma data exata para o retorno.
“Ainda há todo um processo. Precisamos testar o gramado, realizar um treino, e a Federação precisa realizar uma nova vistoria, então não consigo confirmar uma data. Gostaria que fosse o mais rápido possível, pois estamos tendo um prejuízo milionário. O Palmeiras jogando em Barueri, que é bem menor, apresenta uma diferença significativa de receita” – disse a presidente.
Abel Ferreira Expressa Descontentamento com a Arena Barueri
Além das questões financeiras, a mudança do Palmeiras para a Arena Barueri levanta preocupações internas, especialmente o descontentamento do próprio técnico Abel Ferreira com o estádio. Já em novembro de 2023, quando o clube precisou utilizar a Arena devido a shows no Allianz Parque, o treinador manifestou seu desconforto, destacando que, apesar de agradecer aos 17 mil torcedores presentes, não se sentia em casa e preferia o ambiente e a atmosfera do Allianz Parque, onde a capacidade de público é maior e o barulho característico não se perde.
No início de 2024, quando a mudança ocorreu novamente devido às condições precárias do gramado do Allianz Parque, Abel Ferreira prometeu adotar uma postura mais serena em suas declarações. No entanto, o treinador foi um dos críticos da situação do gramado sintético do Palmeiras, cobrando sua recuperação.
“Este ano eu prometo que vou ser mais leve. Não vou me chatear com coisas que estão fora do meu controle, vou jogar onde tiver que ser. Se for no terrão é no terrão, se for no cimento é no cimento, se for na madeira é na madeira” – afirmou Abel após a vitória sobre o Ituano em fevereiro de 2024.
Com o atraso nas obras e a confirmação de que as quartas de final ainda serão disputadas em Barueri, Abel Ferreira voltou a expressar seu descontentamento. “Sei que nossos torcedores fazem um esforço muito grande para vir aqui. Quando é a noite mais difícil é porque sei que não há transportes e é duro às vezes viajar a noite, e essa não é a nossa casa. Nossa casa é o Allianz Parque”, afirmou após a vitória sobre o Botafogo-SP no último fim de semana.
Reformas em Andamento e Debate em Curso
Apesar da reforma do gramado do Allianz Parque, o debate em torno da utilização da Arena Barueri como segunda sede do Palmeiras continua. A casa alviverde ainda ficará impossibilitada de sediar jogos ao longo do ano, sempre que houver conflito de datas com os shows já programados, e uma parcela da torcida demonstra insatisfação com essa escolha, principalmente devido às questões de acesso e infraestrutura, como alagamentos em dias chuvosos.
Questionada sobre a escolha de Barueri, a presidente Leila Pereira enfatiza que o estádio estaria em reforma mesmo se o Allianz Parque não estivesse interditado. A substituição do gramado – por um artificial com composto de cortiça – está programada para iniciar em julho, e enquanto isso outras obras estão em andamento, desde que não prejudiquem a utilização pelo Palmeiras.
“Apenas a troca do gramado vai interferir, e acredito que em 30 dias estará pronta” – explica Leila Pereira.
A concessão da Arena Barueri foi adquirida por uma das empresas da presidente do Palmeiras, com um contrato de 35 anos que prevê reformas, incluindo a substituição do gramado, com um prazo de um ano para sua realização.
“A empresa já está adquirindo o material e quando iniciar a troca, será feita de forma rápida. Também estamos planejando outras melhorias, como a substituição de toda a iluminação e a resolução dos problemas de alagamento em dias de chuva” – acrescenta Leila.
Outras alternativas
Outras opções de estádios ainda não foram detalhadas pelo clube para o caso de o Allianz Parque não estar disponível durante o período de troca do gramado da Arena Barueri. O Morumbi foi descartado, especialmente após a relação entre Palmeiras e São Paulo se deteriorar, e o Pacaembu ainda não tem uma data prevista para a conclusão de sua reforma.
“Se o Pacaembu estiver pronto, certamente é uma opção viável, mas ainda não temos uma previsão de quando isso acontecerá” – conclui Leila.
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