Treinador estrangeiro é PROTEGIDO, afirma técnico

Técnicos Estrangeiros: A Proteção e o Futebol Brasileiro

O treinador estrangeiro tem marcado presença no Brasil. Os campos de futebol brasileiros têm sido palco de uma tendência que vem ganhando destaque: a presença cada vez maior de técnicos estrangeiros. Mas, segundo os profissionais brasileiros, nem tudo são flores nesse cenário. Há uma sensação crescente de que os técnicos de fora estão sendo privilegiados em detrimento dos locais. Isso é o que aponta o treinador Vagner Mancini, atual comandante do Ceará e presidente da Federação Brasileira de Treinadores de Futebol (FBTF).

Desvalorização dos Profissionais Brasileiros

Segundo Mancini, os últimos anos têm sido marcados por um sentimento de desvalorização dos profissionais brasileiros, especialmente após a chegada de técnicos estrangeiros.

“Estamos vivendo um momento de desvalorização do profissional brasileiro. A seleção tem cinco títulos mundiais com profissionais brasileiros e dois títulos olímpicos, mas hoje estamos passando por este momento de desvalorização”, lamenta Mancini.

Técnicos Estrangeiros
Técnicos Estrangeiros. Foto Reprodução

 

O treinador ressalta a importância de valorizar os técnicos brasileiros, que têm grandes conquistas no currículo. Ele acredita que as histórias de sucesso de técnicos estrangeiros no Brasil estão sendo mais destacadas, enquanto os fracassos passam despercebidos.

O Fator ‘Estrangeiro’

Parte dessa desvalorização, na visão de Mancini, vem da percepção de que os estrangeiros são automaticamente melhores. O técnico refuta essa ideia, argumentando que a dificuldade que enfrenta ao jogar contra treinadores estrangeiros é a mesma que tem ao disputar partidas contra colegas brasileiros.

“A dificuldade que eu enfrento quando jogo contra Dorival, Fernando Diniz, Cuca, Rogério Ceni e quando enfrento Abel Ferreira, Jorge Jesus, Pedro Caixinha, Pepa, Luis Castro, é a mesma”, afirma.

Um Futuro com Sotaque Estrangeiro?

O cenário atual do futebol brasileiro tem levantado questões sobre o futuro da profissão no país. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) recentemente escolheu o italiano Carlo Ancelotti para comandar a seleção, uma decisão que gerou críticas por parte de Mancini e outros técnicos brasileiros.

“Eu torci muito para que o técnico da seleção não fosse estrangeiro. Eu torci para que fosse Dorival, Diniz, Cuca, Renato Gaúcho. Rogério Ceni, fosse quem fosse, mas brasileiro. É a caracterização do nosso modelo de jogo”, desabafa Mancini.

Ele ressalta que a escolha de Ancelotti, apesar de respeitada, reforça a desvalorização dos técnicos brasileiros.

A Proteção ao Treinador Estrangeiro

Mancini indica que um dos motivos para a desvalorização dos técnicos brasileiros é a proteção que os estrangeiros recebem da opinião pública.

“O técnico estrangeiro é protegido pela opinião pública porque não se conhece a fundo o profissional. O que Luis Castro passou no Botafogo… todo o estádio chamando de burro, incompetente, desqualificado e ele foi lá, firme, e reverteu a situação”, exemplifica.

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Propostas para o Futuro

Para Mancini, é necessário promover ações que valorizem os técnicos brasileiros. Ele propõe a realização de um grande simpósio para discutir a situação do futebol brasileiro.

“Eu tenho uma proposta, que já falei com o presidente da CBF, de fazer um grande simpósio no fim do ano no Brasil. Com treinadores, dirigentes, representantes dos clubes, com jornalistas. A gente iria discutir o futebol brasileiro, com todo mundo falando o que pensa”, afirma.

A presença de técnicos estrangeiros no Brasil é um fenômeno que traz tanto benefícios quanto desafios. Por um lado, a mescla de culturas e estilos pode enriquecer o futebol brasileiro. Por outro, é preciso garantir um ambiente de igualdade e valorização para os técnicos locais. O debate está aberto e, como destaca Mancini, é essencial para o futuro do futebol no país.

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